22 de novembro de 2024
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Em nenhum país as reformas da previdência são aprovadas sem sobressaltos. Vladimir Putin enfrentou no ano passado os maiores protestos de rua de seu reinado na Rússia e foi obrigado a rebaixar a proposta. Pelo projeto inicial, as russas se aposentariam com 63 anos (a idade mínima anterior era 55 anos). Depois dos protestos, Putin foi à TV e concedeu um piso de 60 anos.

Na Argentina, a popularidade de Maurício Macri foi devastada pela reforma da previdência em 2017, que mudou os critérios de reajuste das pensões. Com inflação na casa dos 45% ao ano, a reforma implicou numa defasagem de 25% no valor das pensões. No dia da votação, ocorreram os maiores protestos de rua de Buenos Aires em décadas, com quase 160 feridos.

No Brasil, reformas da previdência sempre foram turning points. Parte razoável da crise que destruiu o real em 1998 está na derrota, por um único voto, do projeto de reforma de FHC que previa idade mínima de 60 anos para homens e 55 para mulheres.

Em 2003, Lula aprovou uma reforma no serviço público instituindo idade mínima, tempo de carreira e extinguindo com as pensões integrais. A reforma rachou o PT e uma parte minoritária deixou o partido para formar o P-Sol. A intransigência de Lula e Antonio Palocci pela reforma foram decisivas para a boa vontade posterior do mercado com o Brasil.

Em 2015, o ministro Joaquim Levy foi fustigado pelo PT ao tentar reformar a previdência e reduzir o alcance do seguro desemprego. No ano seguinte, Nelson Barbosa tornou-se persona non grata no PT por também defender uma reforma, Michel Temer deu carta branca a Henrique Meirelles para propor a mais ambiciosa proposta de reforma em décadas, mas o encontro do presidente com Joesley Batista para discutir propinas matou a chance de aprovação de qualquer medida.

Foto: Shutterstock

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