16 de setembro de 2024
|

Um dos grandes vencedores da hipótese de Luiz Inácio Lula da Silva ser solto é Jair Bolsonaro. Em dez meses, o presidente rompeu com quase todos os apoiadores de outubro do ano passado, do governador João Doria ao governador Wilson Witzel, do presidente da Câmara Rodrigo Maia à parte da mídia. Hoje é factível imaginar que a direita e a centro-direita tenham outros três candidatos, além de Bolsonaro.

Esse cenário muda com Lula livre. Se Lula fortalecer o PT, o antipetismo que ainda é a força dominante do País vai novamente buscar um candidato que impeça a sua volta ao poder. Assim como aconteceu em setembro de 2018, quando os eleitores de Alckmin, Amoêdo e Marina fizeram um voto útil ainda no primeiro turno, Bolsonaro será o grande beneficiado.

Polarização

A possibilidade de Lula ser solto abre um novo protagonismo para a esquerda, ainda sob a ressaca da derrota para Bolsonaro. O PT foi isolado na defesa do Lula Livre e entra nas eleições municipais sem chances de vitória em nenhuma cidade importante do Sul e Sudeste. Ciro Gomes passou a atacar Lula e o PT com mais vigor que sua oposição a Bolsonaro, numa tentativa tosca de abrir uma terceira via. É possível, embora não inevitável, que Bolsonaro e Lula reforcem a polarização, tentando impedir qualquer possibilidade de um terceiro nome.

Como escreveu o colunista Bruno Boghossian, na Folha, “a expectativa de reedição dessa polarização causa pânico a grupos políticos que buscaram o centro na última campanha presidencial e fracassaram. Para eles, se Lula e Bolsonaro se encontrarem como antípodas, não sobrará mais espaço. Quem aposta em Luciano Huck, por exemplo, acha que o global, com jeito de bom moço, pode ser engolido num ambiente radicalizado. Restaria a João Doria gritar bordões antipetistas com mais vigor que Bolsonaro — embora muitos dirigentes duvidem que isso seja possível”.

Foto: Ricardo Stuckert

Show Full Content
Close
Close