Por olhos otimistas, a semana passada foi excelente para o governo. A ameaça de um substitutivo total da reforma da previdência se revelou vazia. O governo conseguiu aprovar sua primeira medida provisória, liberando a entrada de companhias aéreas estrangeiras no país. A medida provisória da reorganização do governo foi aprovada com 22 ministérios, como pretendia o presidente Bolsonaro inicialmente. O Coaf foi transferido do ministério da Justiça para a Economia, uma derrota particular do ministro Sérgio Moro, não de Bolsonaro. Nesta votação, o PSD e o PSDB se soltaram do Centrão e do presidente Rodrigo Maia, e votaram com Sergio Moro. Pela primeira vez, o Planalto viu cindir a base de Rodrigo Maia.
Por olhos realistas, Bolsonaro apenas sobreviveu. A MP das Aéreas veio com dois jabutis que irão impedir investimentos, a gratuidade das bagagens e a obrigatoriedade de voos regionais. A intenção de abrir o mercado para novos competidores não será concretizada com essa mudança. Para aprovar a MP da reorganização do governo, a Casa Civil desistiu de outra medida provisória muito mais importante, a que permite concessões e privatizações de companhias de saneamento. A MP asseguraria investimento direto em Estados e Municípios, algo muito mais relevante do que sob qual ministério ficará o Coaf.
Foto: José Cruz/Agência Brasil