A frouxidão de Bolsonaro revela uma falta de sintonia com o seu ministro da Economia, Paulo Guedes. No seu discurso de posse, Paulo Guedes foi de uma franqueza incomum para o cargo, revelou um diagnóstico certeiro e apontou prioridades corretas. Afirmou que o descontrole dos gastos públicos é o mal maior da economia, que o Brasil deixaria de ser o paraíso dos rentistas e que a reforma da Previdência seria feita atacando privilégios. O ministro atuou pessoalmente para que o PSL, o partido do presidente, anunciasse seu apoio à reeleição de Rodrigo Maia para a presidência da Câmara, considerado um aliado das reformas.
O otimismo ainda foi reforçado pela indicação do ministro de Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque, de que a privatização da Eletrobras continua de pé (contrariando o que JB dissera na campanha) e na declaração do novo presidente da Petrobras sobre o fim do monopólio no refino do petróleo e na manutenção da política de preços dos combustíveis com paridade dos valores praticados no mercado internacional.
Até chegar a entrevista de JB na quinta-feira e a equipe do ministro Paulo Guedes vazar para a imprensa que ele não havia sido informado previamente sobre as opiniões do presidente. Na sexta-feira à tarde, Guedes autorizou um auxiliar seu, o secretário da Receita Marcos Cintra, desmentir a entrevista dada pelo presidente horas antes sobre aumento no imposto sobre operações financeiras.
Foto: Carolina Antunes/Presidência da República