22 de dezembro de 2024
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Joaquim Levy assumiu o BNDES do governo Jair Bolsonaro com uma missão pessoal, limpar a sua biografia da trôpega participação como ministro do governo Dilma Rousseff. Para isso, Levy deixou o honorável cargo de diretor geral do Banco Mundial, com direito a meio andar na H Street em Washington para retornar ao Brasil num cargo abaixo daquele que ocupara. Chamado pelo colega Paulo Guedes (ambos estudaram economia na universidade de Chicago), Levy recebeu como tarefa principal transformar o BNDES no modelador das privatizações, especialmente das estatais estaduais.

Por estar nos EUA nos últimos três anos, Levy não tomou nota de uma frase frequente do candidato e depois presidente Jair Bolsonaro, a de que uma semana depois de eleito ele pretendia divulgar a “caixa preta do BNDES”. A caixa preta, na visão de Bolsonaro, seria a prova de que o banco foi manipulado para dar empréstimos subsidiados a empreiteiras brasileiras em seus negócios na África, Cuba, Bolívia e Venezuela. A tese de que as administrações do PT usaram dinheiro público, via BNDES, para financiar os “amigos bolivarianos” segue sendo um dos mandamentos da cartilha bolsonarista.

Uma vez no Brasil, Levy ordenou a postagem na internet dos empréstimos do BNDES, uma compilação de dados feita ainda na gestão Temer. O presidente Bolsonaro achou a publicação insuficiente, indicou seu descontentamento, mas Levy deu a tarefa como cumprida. Os três presidentes anteriores do BNDES na gestão Temer _ Maria Silva, Paulo Rabello de Castro e Dyogo de Oliveira_ haviam promovido devassas para descobrir irregularidades e concluíram que o corpo funcional do banco agiu corretamente. É natural investigar as diretrizes que levaram o banco a conceder certos empréstimos, mas essas foram decisões de diretoria e conselho de administração, não de nível técnico. Levy achou a explicação satisfatória. Bolsonaro, não.

A partir deste início o destino de Levy estava selado. A nomeação de um diretor que havia trabalhado na gestão do PT (e que depois virou diretor da Gávea Investimentos) foi apenas um pretexto. Por esse critério, todos os generais chefes da Missão de Paz no Haiti foram indicados pelos governos Lula e Dilma e isso não foi impeditivo para suas nomeações como ministros. Levy nunca teve uma chance.

Foto: Tânia Rêgo/Agencia Brasil

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