A escolha do engenheiro Gustavo Montezano, de 38, para a presidência do BNDES está fadada à turbulência. A missão do ex-executivo do BTG Pactual é virtualmente impossível, apresentar uma “caixa preta” com os esquemas de corrupção no BNDES. O governo Temer teve três presidentes do BNDES – Maria Sílvia, Paulo Rabello de Castro e Dyogo de Oliveira. Todos mais experientes que Montezano e descobriram o óbvio: não aconteceu no BNDES o mesmo nível de corrupção sistêmica da Petrobras. As diretrizes que levaram o banco a dar preferência para empresa A ou B foram tomadas pelas diretorias executivas e conselheiros de administração, mas o processo de concessão de crédito seguiu os padrões bancários. Bolsonaro acredita que exista uma caixa preta, assim como acredita que mais armas vão diminuir a violência, que as ONGs internacionais fazem parte de uma conspiração antibrasileira e que os professores universitários não fazem outra coisa a não ser catequizar alunos para marxismo-gramsciniano. Montezano foi contratado para entregar uma prova de fé.
Foto: Hoana Gonçalves/Ministério da Economia