O envio da proposta da previdência ao Congresso coincide com o início do novo método bolsonarista de relação com o parlamento. Ao contrário de todos os governos desde Collor, JB montou um ministério sem acordos partidários. A proposta do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, é que as nomeações sejam feitas por bancadas estaduais, não por partidos. Assim, por exemplo, a direção do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) no Paraná seria indicada em acordo pelos deputados do estado e não, como antes, pelo partido que comanda o Ministério. Em uma atitude louvável, a Casa Civil assumiu um decreto preparado pela CGU e pelo Ministério da Economia que vai condicionar a ocupação dos postos à formação acadêmica compatível e experiência prévia na área.
Acostumados a indicar seus afilhados para os cargos, os deputados odiaram a ideia. Noutra frente de embate, os filhos do presidente articulam a formação de um novo partido, revivendo a antiga UDN. É uma ideia ruim na hora errada. Ao tentar articular uma nova legenda, o deputado federal Eduardo Bolsonaro estará mexendo nos interesses de todos os dirigentes de partidos que temem perder seus afiliados pela gravidade do poder. É insensatez gerar um clima de desconfiança e inimizade justo no momento no qual o governo precisa de amigos no Congresso, não inimigos.
Foto: Will Shutter/Câmara dos Deputados