O presidente Jair Bolsonaro teve a sua melhor semana como presidente. As manifestações de domingo revigoraram o capitão, que desandou a dar entrevistas e reforçar seus laços com o núcleo duro do bolsonarismo.
• Em uma transmissão via Facebook, o presidente se propôs a dividir com o público a decisão sobre a gratuidade de uma mala nas viagens aéreas. Ele deu várias declarações ambíguas sobre o tema, mas na transmissão afirmou: “até o veto meu ou sanção, nós vamos acompanhar aqui nos comentários as opiniões de vocês”. É inédito no mundo um chefe de Estado afirmar que irá tomar uma decisão com base nos comentários dos seus seguidores.
• Em uma igreja evangélica, prometeu indicar um ministro “cristão” para o Supremo Tribunal Federal (possivelmente o líder da Lava Jato no Rio de Janeiro, juiz Marcelo Bretas, frequentador da igreja da Comunidade Evangélica Internacional). A promessa do presidente vem depois de o Supremo iniciar a votação igualando a homofobia ao crime de racismo. As igrejas evangélicas consideram que a qualificação do homossexualismo como pecado faz parte da liberdade religiosa e tentam aprovar no Senado uma lei que pune a homofobia exceto em igrejas e templos.
• Na sexta-feira, 31, JB almoçou com caminhoneiros, se vangloriando dos decretos que (1) libera armas para a categoria e (2) reduz radares nas estradas. À noite, via Twitter, o presidente comemorou a queda dos preços do diesel e da gasolina.
As atitudes não mudam um voto na Câmara ou alteram uma diretriz, mas o novo ânimo pode ajudar a pacificar o governo. Desde o afastamento de Carlos Bolsonaro e Olavo de Carvalho das redes sociais, o Planalto está mais centrado. Um exemplo importante foi a carta assinada pelo próprio Bolsonaro pedindo ao Senado que não alterasse a medida provisória de reorganização dos ministérios aprovada pela Câmara. Era a coisa mais sensata a fazer, mas olhando para os primeiros meses de governo, nada garantia que haveria bom senso.
Foto: José Cruz / Agência Brasil