O mercado quer muito acreditar. Na sexta-feira, 8, o Ibovespa virou positivo depois de dias no vermelho com os fragmentos da entrevista do ministro Paulo Guedes sobre a votação da reforma da previdência. Guedes disse que o projeto já tem 160 votos e o governo teria indicação de apoio de outros cem deputados. Faltariam, portanto, apenas 48 votos para a aprovação.
As contas não sobrevivem ao teste da realidade. Os cálculos reais apontam que o governo JB tem hoje apenas entre 50 e 60 votos garantidos e outros 100 possíveis (de onde surgiu o número 160). É possível crescer a partir daí, mas são votos condicionados a mudanças substanciais no texto. As declarações do presidente Bolsonaro de que a idade de aposentadoria para mulheres pode ser de 60 anos (e não 62, como está no projeto) abriu a porteira para dezenas de outras alterações fundamentais. As corporações da elite do funcionalismo público (promotores, juízes, auditores da receita, delegados da Policia Federal) devem impedir o aumento da alíquota de INSS para 22%. Há um consenso de impedir as exigências para aposentadoria rural. As corporações de policiais e professores estão se unindo para baixarem de 60 para 55 a idade mínima de aposentadoria. As mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC, para idosos miseráveis) já são dadas como letra morta no Congresso.
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