A eleição de 2018 foi tão atípica que o antipetismo varreu dos debates a discussão sobre a redução da desigualdade, eixo das eleições de 2002, 06, 10 e 14. Dificilmente o tema não voltará à pauta em 2022. Por isso ganha relevância política os dados da nova Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua, divulgada pelo IBGE. A diferença entre os rendimentos obtidos pelo 1% mais rico e dos 50% mais pobres no ano passado é recorde na série histórica iniciada em 2012, fruto direto da Grande Recessão de 2014, 15 e 16. Para muitos, essa recessão ainda não acabou. De acordo com o IBGE, o rendimento médio mensal de todos os trabalhadores em 2018 foi menor do que em 2014.
A discussão regional é fundamental para entender essa catástrofe. O Sudeste –com pouco mais de 40% da população– acumula mais da metade da renda nacional, enquanto os três Estados do Sul superam os nove estados nordestinos. Segundo o levantamento, nos últimos dois anos a miséria aumentou no país. O número de miseráveis no Nordeste aumentou de 7,57 milhões em 2017 para 7,72 milhões em 2018, um crescimento de 2%. Na Região Norte, a pobreza extrema foi de 1,77 milhões para 1,99 milhões de pessoas. Em ambos os casos, o avanço é estatisticamente significativo.
Foto: Cristiano Mariz/VEJA