22 de novembro de 2024
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Recém operado, o presidente Jair Bolsonaro se prepara para seu pior dia na presidência nesta terça-feira, dia 24, quando discursa na abertura da assembleia geral das Organizações Unidas, em Nova York. Há décadas o Brasil não é tão malvisto no Exterior, imagem agravada pela reação patética do governo às críticas de descontrole ambiental na Amazônia. Na sexta-feira, 20, milhões de pessoas em milhares de cidades por dezenas de países fizeram manifestações por ações ambientais sérias. O risco de desmatamento e queimadas na Amazônia estava presente em todos os atos. Latino e rude, Bolsonaro se tornou um vilão mundial.

Na terça-feira, 17, o tom do discurso do capitão era apaziguador. O presidente pretendia não ampliar mais ainda as arestas com outros países, embora estivesse convicto em afirmar a soberania brasileira sobre a região. Na sua transmissão semanal via Facebook, na quinta-feira, 19, JB disse:

“Ninguém vai brigar com ninguém lá, podem ficar tranquilos. Está na cara que eu vou ser cobrado, porque alguns países me atacam, de uma maneira bastante virulenta, dizem que eu sou o responsável pelas queimadas aí pelo Brasil. Nós sabemos, pelos dados oficiais, que queimada tem todo o ano, infelizmente. Quer que faça o que? Tem. (Ocorrem queimadas) até por uma questão de tradição. Não só o caboclo toca fogo no roçado, para plantar uma coisa, no tocante à sobrevivência. O índio faz a mesma coisa. Mas tem aqueles que fazem de forma criminosa. Agora, como combater tudo isso sem meios na região Amazônica, que pega, se eu não me engano, dez estados, maior que a Europa Ocidental? É complicado”, acrescentou.

Queimadas na Amazônia

De acordo com Lauro Jardim, de O Globo, o presidente levará consigo a indígena Ysani Kalapalo, moradora do Xingu, que dias atrás publicou um vídeo falando sobre queimadas na Amazônia — e de que se tratava de queimadas normais. Outro membro da comitiva é o blogueiro Allan dos Santos, um dos líderes da guerrilha digital bolsonarista. Não há nenhum cientista ou especialista em meio ambiente na comitiva.

A versão brasileira é que o destaque midiático à Amazônia surgiu depois do anúncio do acordo Mercosul-União Europeia, em uma reação dos agricultores temerosos dos produtos brasileiros. É fato. Assim como é fato que o desmatamento e as queimadas aumentaram neste ano incentivado pelos discursos do presidente, que se definiu como “capitão motosserra”, e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que nunca havia pisado na Amazônia até este ano. Na semana passada, o ministro se reuniu com garimpeiros ilegais da região que protestavam contra o fato de os fiscais do Ibama terem destruído suas máquinas que estavam operando em florestas nacionais e áreas indígenas. A destruição nesses casos é legal. Salles prometeu mudar o procedimento das fiscalizações.

Nesta semana em Nova York, Ricardo Salles decidiu não participar do Fórum de Mudanças Climáticas da ONU, no qual a Alemanha anunciou um plano de 60 bilhões de euros para reduzir emissões de gases. É a primeira vez no século que o Brasil não participa de conferência internacional sobre o tema. Para comparar, o famoso Acordo de Paris foi resultado de uma costura entre as delegações da União Europeia, Brasil, EUA e China. O Brasil é um dos países mais avançados nas metas do Acordo.

Foto: AFP/Arquivos

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