22 de novembro de 2024
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É confortável supor que a queda na popularidade do presidente Jair Bolsonaro se deva às suas declarações bárbaras. Não. A população pensa com o bolso e com a imagem que Bolsonaro lhes vendeu na campanha. Pesquisa com eleitores que votaram em Bolsonaro no segundo turno, realizada em São Paulo e no Rio na primeira semana de agosto, mostrou que a estagnação econômica é a chave da queda dos indicadores. Há uma sensação generalizada entre os entrevistados que o presidente não demonstra preocupação com o desemprego e com falta de perspectivas dos seus eleitores.

Na pesquisa, encomendada por uma instituição financeira, os participantes assistiram vídeos de declarações polêmicas do presidente. Depois, assinalavam suas opiniões. As declarações mais impopulares:

FGTS – O sentimento da liberação de R$ 500 do fundo foi de decepção. As reportagens anteriores ao anúncio, informando que as regras seriam similares às do governo Temer, geraram uma expectativa que foi frustrada.

Nomeação do filho – A indicação de Eduardo Bolsonaro como embaixador brasileiro em Washington foi criticada unanimemente como nepotismo e sinal de velha política. As justificativas do presidente sobre as qualidades do filho viraram piada.

Nordeste – Os participantes do grupo que nasceram ou tem parentes no Nordeste se sentiram ofendidos com as declarações sobre “divisão do país” e “governadores de paraíba”. Este é um estigma que dificilmente o capitão conseguirá se livrar.

Trânsito – Há ampla rejeição à proposta de flexibilização das leis de trânsito e fim da multa para quem não usar cadeirinhas, especialmente entre mulheres.

As declarações de JB com maior aceitação:

Proibição de financiamento público para filmes pornográficos – A defesa dos valores familiares é um consenso no bolsonarismo e ninguém consegue entender como funciona a Lei Rouanet ou por que o filme Bruna Surfistinha tem direito a captar recursos.

Ataques à mídia – Constatou-se nos grupos uma desconfiança generalizada dos jornalistas. As falas de Bolsonaro respondendo com grosserias aos repórteres eram quase sempre apoiadas.

Endurecimento de penas – A indiferença de JB sobre o massacre dos presos nos presídios do Pará foi apoiada, assim como todas as vezes em que o capitão se posicionou como defensor da ordem.

Declarações que chocaram parte do país, como as mentiras sobre a morte do pai do presidente do OAB, tiveram poucas reações.

Foto: Sérgio Lima/Poder360 

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