22 de novembro de 2024
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Uma semana depois de se lançar candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro teve um V Zero da sua situação. Pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria mostra que a maioria dos brasileiros rejeita o governo Bolsonaro. Os que desaprovam o governo são 48% da população, 8 pontos percentuais a mais do que em abril. Os que aprovam são 46%, cinco pontos a menos do que há dois meses. Ao contrário de seus antecessores, Bolsonaro não tem empresas de pesquisa contratadas. O contrato com o Ibope foi rescindido e não foi aberta nova licitação.

O índice de confiança pessoal do capitão seguiu a mesma direção. Os que não confiam no presidente são 51% (eram 45% em abril), enquanto os que dizem confiar são 46% (eram 51%). Entre a população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, o governo alcança 63% de aprovação, em contraste com desaprovação de 59% na faixa de renda familiar de até um salário mínimo. O presidente segue sendo popular na região Sul. Na região Nordeste, JB é odiado.

Arrependidos

A pesquisa mostra que a polarização do segundo turno acabou. Hoje o país está repartido em três: um terço dos brasileiros gosta de Bolsonaro, um terço o rejeita e um terço está no meio do caminho. Embora a pesquisa Ibope não permita fazer um cruzamento de dados com os levantamentos de outubro, acredito que a grande maioria deste um terço é de eleitores que sufragaram o nome do capitão e hoje estão arrependidos. Eu os chamo de nem-nem, nem Bolsonaro, nem PT.

Outro ponto da pesquisa: primeiro ano de governo é momento de euforia. Para comparar, depois de seis meses de governo, Fernando Collor tinha 45% de aprovação e Dilma Rousseff 53%. Ter apenas um terço de apoio seis meses depois de entrar no cargo é um sinal ruim.

O que esses dados podem ajudar a entender os próximos passos do governo? O primeiro ponto é que Bolsonaro tem um terço de eleitores fiéis. Esse é o seu piso desde março, quando ficou claro a onda de arrependimento. Com suas manifestações antipolítica, seu apoio a Moro e seus ataques ao PT, o presidente segurou o núcleo duro do seu apoio e parou de cair. Para recuperar os arrependidos só há um jeito, a economia voltar a crescer. E a economia só cresce rápido com intervenção artificial.

O prematuro lançamento da campanha da reeleição já tem um perdedor, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pressionado a dar resultados no curto prazo.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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