Nesta fase 2 do governo, JB dobrou a aposta da sua demonstração de força sobre a tropa. Depois de demitir três generais (o ministro da Secretaria de Governo e os presidentes da Funai e dos Correios), o presidente rebaixou o ministro da Secretaria Geral, general Floriano Peixoto, para dirigir os Correios e o substituiu por um major da Polícia Militar. Antes, o presidente nomeou como ministro da Secretaria de Governo um general da ativa (as Forças sempre defenderam que apenas oficiais da reserva fossem indicados).
A presença do general Luiz Eduardo Ramos nas negociações políticas traz um acerto e um risco. O acerto é que poucos ministros foram tão incompetentes na função quanto o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O fato de o próprio presidente ter percebido o erro e corrigido é a melhor notícia de seu governo.
Ramos, que assume a Secretaria de Governo em julho depois entrar na reserva, deu uma esclarecedora entrevista ao jornal Valor. Mostrou aptidão política rara nas hostes bolsonaristas. Mas vamos olhar a história: nem nos governos militares os generais iam para a linha de frente da negociação com o Congresso. Em geral, usavam os ministros da Justiça para esse contato, de Milton Campos e Juracy Magalhães no governo Castello Branco até Petrônio Portella e Abi-Ackel no governo João Figueiredo. O general Ramos estará em um ambiente volátil sem manual de instrução.
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