21 de novembro de 2024
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O imaginário bolsonarista das manifestações de domingo, 26, centrou seus ataques e ameaças no presidente da Câmara e no Centrão como se fossem responsáveis pela paralisia do governo. Bonecos infláveis de Rodrigo Maia foram os novos lulecos e a “velha política” virou a origem de todos os males. O Centrão é o novo PT. Rodrigo Maia é o novo Lula.

Para um presidente da República que tem sessenta deputados fiéis em 513 é um movimento arriscado. Bolsonaro depende do Congresso como nenhum outro presidente, seja para a reforma da previdência, seja para emitir títulos e pagar contas básicas no segundo semestre. Então por que acirrar os ânimos?

O motivo é a origem do bolsonarismo, uma política de confronto eterno. O presidente sabe que não é benquisto no establishment político e considera real a possibilidade de enfrentar um processo de impeachment no futuro. Foi por isso que Bolsonaro quase rompeu com seus ministros militares, que considerou desleais por não rechaçar as articulações do vice Hamilton Mourão. Na tática bolsonarista, a única forma de evitar o impeachment é mostrar repetidas vezes a sua força, seja nas redes sociais, seja nas ruas. O confronto é o novo normal.

Os ataques a Maia reforçam uma lenda urbana dentro do Congresso, a de que Bolsonaro apenas aguardaria a aprovação da reforma da previdência para jogar todo o seu peso político e policial contra os deputados. A ideia de um acordo Bolsonaro-Moro-Lava Jato para investir contra os políticos se tornou um fator relevante na estratégia dos deputados para os próximos três anos. É ingenuidade supor que um presidente possa incentivar manifestantes que chamam o presidente da Câmara de “bandido” e nada aconteça. Rodrigo Maia não tem capacidade de juntar uma Kombi de manifestantes na avenida Atlântica, nem de fazer subir uma hashtag entre os top twitters. Mas pode criar muitos problemas, como por exemplo ajudar uma CPI no Senado para acossar o senador Flávio Bolsonaro.

Foto: Agência Brasil

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