22 de novembro de 2024
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Os indicadores econômicos de maio estão abaixo da expectativa e o governo começa a trabalhar com a hipótese de um PIB de 1% ou menos para 2019. No primeiro trimestre, o crescimento oscilou perto de zero. Para chegar a 1,5% teria que rodar perto de 2% nesse segundo trimestre. Nada parece indicar isso.

Do lado do gasto, prepara-se um novo contingenciamento. O governo já tinha anunciado em março o bloqueio de quase R$ 30 bilhões de um total de R$ 129 bilhões em despesas não obrigatórias, que podem ser destinadas para investimentos e custeio da máquina pública. Foi esse bloqueio, por exemplo, que suspendeu neste mês os pagamentos de bolsas de pós-graduação, fiscalizações do Ibama e as pesquisas do censo do IBGE. O governo deve anunciar um bloqueio adicional de gastos no dia 22.

Com a queda na arrecadação federal, tudo pode piorar. O shutdown deste ano pode ser até pior que o verificado em meados de 2017, quando houve impacto sobre emissão de passaportes e ameaça ao funcionamento de agências do INSS e às operações da Polícia Rodoviária Federal. O programa Minha Casa Minha Vida pode ser interrompido.

O governo busca alternativas de crédito extraordinário, mas as opções são reduzidas. O ministro Paulo Guedes apostava na arrecadação de R$ 100 bilhões com o leilão do excedente da área de cessão onerosa de pré-sal da Petrobras, mas o TCU determinou na semana passada que antes é necessária uma lei no Congresso para resolver o pagamento da Petrobras e a divisão dos royalties. O ministro também pressiona o presidente do BNDES, Joaquim Levy, a encerrar de uma vez as devoluções do banco à União. Levy argumenta que a devoluções podem inviabilizar o banco.

Guedes chegou a falar que as privatizações renderiam R$ 40 bilhões neste ano, mas o valor ficará muito abaixo. O processo de desestatização é lento. É quase impossível licitar um aeroporto em menos de um ano, quanto mais os Correios que Guedes aventou vender ainda neste ano. A capitalização da Eletrobras pode ocorrer ainda neste ano por cerca de R$ 12 bilhões.

Com a economia parada, a equipe liberal de Paulo Guedes fará o que qualquer equipe social-democrata faria: jogar dinheiro do alto do helicóptero. Nas próximas semanas, será anunciada uma nova etapa de liberação do FGTS e do PIS. É dinheiro no bolso do cidadão em uma tentativa de reanimar o consumo. Em dezembro de 2016, o governo Temer permitiu o saque das contas inativas, liberando R$44,4 bilhões. As primeiras estimativas apontam que dessa vez, metade disso será liberado.

Foto: Agência Brasil

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