A posse de JB marca o ocaso da Era Lula. Mais popular político brasileiro desde Getúlio Vargas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva termina 2018 como um fantasma de si mesmo.
Habilidoso, Lula cometeu nos últimos quatro anos mais erros que em toda a carreira. Em maio de 2014 deixou de impedir a recandidatura de Dilma Rousseff, em dezembro, com Dilma reeleita, passou a articular a derrubada do ministro anunciado Joaquim Levy (como contou no livro-entrevista “A Verdade Vencerá”). Sem se dar contar de que estava afundando o próprio governo petista, ajudou a enterrar o ajuste fiscal. Em 2016, minimizou o poder de articulação de Eduardo Cunha e Michel Temer para produzirem o impeachment e só entrou em campo para defender o governo tarde demais. Achava que Sergio Moro e os promotores da Lava Jato nunca teriam coragem de processá-lo, nem de condená-lo e, muito menos, de prendê-lo. Imaginava que a sua prisão desencadearia protestos populares por todo o país. Tentou transformar a eleição em um plebiscito sobre a sua prisão, sem se dar conta de que os brasileiros tinham mais o que fazer. Impediu a formação de uma candidatura do PT e soterrou a candidatura de Ciro Gomes, as duas opções de que poderiam lhe dar algum vislumbre de liberdade. Errou todas.
Aos 73 anos, preso e com mais duas condenações a caminho no primeiro semestre de 2019, Lula deixou de ser opção de poder pela primeira vez desde a volta da democracia.
Foto: Ricardo Stuckert/ Lula Oficial