22 de novembro de 2024
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Pedro Malan, Zélia Cardoso de Melo, Maílson da Nóbrega. Mesmo os brasileiros menos ligados à política, à economia e ao que se passa em Brasília certamente já ouviram esses nomes. Em um país como o Brasil, onde as dificuldades econômicas estão sempre em pauta, o nome do ministro da Fazenda acaba ocupando o noticiário e muitas vezes determina o sucesso ou o fracasso de um governo.

Esta percepção levou o jornalista e consultor em comunicacão Thomas Traumann, 51 anos, a usar como base a trajetória dos ministros da Fazenda para mostrar um pouco das relações de poder em Brasília. Hoje ele lança em Curitiba o resultado dessa pesquisa, o livro “O Pior Emprego do Mundo” (Editora Planeta, 344 páginas), um recorte da história recente da política brasileira feito a partir do gabinete do Ministério da Fazenda. 

“Sem nenhum cálculo prévio, Sarney decidiu dar um reajuste de 16% para o salário mínimo, pois achou pouco os Cz$ 751,00 da conversão de Cruzeiros para Cruzados. ‘Sei que estou colocando a cabeça na guilhotina, mas vou arriscar’, disse Sarney ao final da reunião”

TRECHO DE “O PIOR EMPREGO DO MUNDO”

“A ideia era explicar para os brasileiros como funciona Brasília. Mas para explicar tudo precisaria de uns 40 volumes”, diz Traumann. “Optei por fazer um recorte e explicar como o poder é exercido, como funcionam as pressões, através de um cargo”.

O cargo escolhido foi o do ministro que dita as regras da economia, que Traumann define como “primeiro-ministro”. “É o mais difícil, o de maior expressão e o de maior fragilidade. Junta responsabilidade, poder e pressões”.

Durante um ano, o jornalista entrevistou 14 ex-ministros da Fazenda, além de João Sayad, que foi ministro do Planejamento de José Sarney, para falar sobre o Plano Cruzado (o ministro da Fazenda na época, Dilson Funaro, morreu em 1989). 

O autor identificou três tipos de ministros: o que tem autonomia quase irrestrita (caso de Fernando Henrique Cardoso com Itamar Franco); o que tem pouco espaço (ele cita como exemplo Guido Mantega durante o governo Dilma Rousseff); e o que está em constante conflito com outras áreas do governo.

O último tipo, na avaliação de Traumann, é parte da estratégica do governante. Fernando Henrique agiu assim com Pedro Malan e Luiz Inácio Lula da Silva usou do mesmo artifício com Antônio Palocci. “O presidente se poupa e fica acima da briga”, diz.

A influência da Fazenda, avalia o autor, continuará no próximo governo. “A grande discussão das candidaturas é isso, nunca se viram tantos debates entre assessores econômicos em uma campanha”. Nascido em Rolândia (PR), Traumann foi ministro da Comunicação do governo Dilma Rousseff.

 JOSÉ MARCOS LOPES
METRO CURITIBA

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